Muito embora já se tenha tornado um hábito para nós, cidadão do mundo ocidental petróleo-dependente, hoje voltou a aumentar o preço dos combustíveis no nosso país. Um aumento naturalmente justificado pela subida do crude em Londres para preços recordes, embora tenha de admitir que as suspeições levantadas por Miguel Sousa Tavares, esta Terça-feira, de que as gasolineiras portuguesas se estariam a aproveitar da conjuntura internacional para incrementar os seus lucros fazem sentido. É obvio que o petróleo é adquirido muito antes de estar disponível para os consumidores sob a forma de combustível e portanto os combustíveis que estão agora a ser comercializados, e sobre os quais recai o aumento, não foram adquiridos a 74 USD por barril. Donde resulta que as gasolineiras estão a fazer repercutir o aumento dos preços no consumidor antes de estes serem verdadeiramente aumentados.
Mas a questão principal não é essa. O que verdadeiramente interessa compreender são os motivos desta instabilidade do preço do barril. Dependendo o mundo industrializado de uma energia não renovável e escassa, e tendo em conta o ritmo actual de consumo (e desperdício) do petróleo e seus derivados, é natural que mais dia menos dia a fonte seque. E de acordo com a lei da oferta e da procura, e em concorrência perfeita, diminuindo a oferta de crude e mantendo-se a procura elevada, o preço do produto só poderia subir. No entanto a escassez não explica tudo. Os aumentos do último ano ficam a dever-se em grande parte à instabilidade política nos países produtores. Exceptuando os EUA e a Noruega os restantes países produtores atravessam quase todos, há algum tempo, situações de instabilidade política interna ou conflitos armados. E cada tempestade ou furacão aumentam vertiginosamente a especulação associada à negociação do barril em Londres e Nova Iorque. Já para não falar nos efeitos catastróficos das declarações de alguns líderes mundiais...
Dificilmente restam dúvidas relativamente à necessidade de substituir o petróleo e seus derivados por energias renováveis. No entanto, também não parecem restar dúvidas em relação à resistência que prolifera a tal transição. E se todos reconhecem a gravidade e abrangência dos problemas ambientais, a verdade é que as tentativas para os solucionar têm saído frustradas. E a responsabilidade de tais frustrações pertence maioritariamente à primeira potência mundial que, por isso mesmo, deveria dar o exemplo. Pelo contrário, ao não assinar o Protocolo de Quioto, os EUA abriram as portas para que os signatários deste não o cumprissem. Vistas bem as coisas, Quioto seria prejudicial aos interesses económicos norte-americanos: a diminuição das emissões de CO2 dificilmente se concretizariam sem a utilização de energias alternativas menos poluentes nos processos produtivos. Portanto, não interessa aos EUA reduzir a procura mundial de crude, fazendo diminuir os preços (em concorrência pura) e, consequentemente, os «magros» lucros adjacentes à produção e exportação de combustíveis fósseis. Por outro lado, a América do Norte encontra-se já prevenida contra a escassez do ouro negro. Também era de estranhar que uma das sociedades impulsionadoras do desenvolvimento de novas tecnologias não as aplicasse na obtenção de energia limpa. É pena é que nem todos os países se possam precaver da mesma forma. A administração norte-americana, que cada vez mais impõe regimes «democráticos» a todos aqueles que discordam de algumas das suas posições, quer agora impedir «democraticamente» o Irão de libertar a sua economia da dependência do petróleo desenvolvendo uma energia nuclear que muitas outras nações possuem há anos. Não fosse o crescente desrespeito que a administração norte-americana tem vindo a demonstrar relativamente a tratados e convenções internacionais, o medo do desenvolvimento de armas nucleares deveria ser afastado pelo facto de o Irão ter assinado o Tratado de Não Proliferação. Mas parece que do outro lado do atlântico cada vez menos se acredita na diplomacia e seus instrumentos, privilegiando-se o conflito armado (para alguns, economicamente mais rentável) em detrimento da negociação diplomática.
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