Quarta-feira, 26 de Abril de 2006
O avanço das Extremas entre os Jovens
 

O SIS veio hoje confirmar aquilo que há já algum tempo eu suspeitava: os movimentos nacionalistas estão a proliferar no nosso país. Suspeitava porque este ano, em cada uma das minhas turmas, há pelo menos um aluno assumidamente de extrema-direita, o que surpreende ainda mais tendo em conta que na minha escola sempre conviveram pacificamente diferentes culturas e etnias, sem qualquer tipo de diferenciação e sem conflitos a registar. Primeiro ainda pensei que se tratasse de um qualquer artifício para se afirmarem, numa idade própria para este tipo de comportamento, mas quando me apercebi que um deles não dirige a palavra a outro colega nosso de côr (ignorando-o completamente!!) percebi que infelizmente não era bem assim. Este mesmo colega marca presença em grupos e encontros nacionalistas, pelo menos através da internet. Outro colega, de outra turma, embora menos extremista, tem também alguns comportamentos racistas. A título de exemplo, quando questionado por um professor sobre qual a área que gostaria de seguir este respondeu «quero ir para a polícia para bater nos negros» (penso que não terá sido esta a designação utilizada...). Correspondendo isto às suas verdadeiras intenções, a situação começa a ficar preocupante.

A verdade é que as posições dos jovens há algum tempo que têm vindo a extremar-se. E não só rumo à direita. Também a extrema-esquerda encontra cada vez mais apoiantes nas camadas jovens, favorecida, tal como a extrema-direita, pela conjuntura desfavorável que afecta principalmente este segmento. Perante o aumento do desemprego e da criminalidade, os imigrantes aparecem aos olhos dos jovens como os principais responsáveis pela degradação da sua situação económica. E ao tomarem conhecimento das vantagens de que os imigrantes usufruem no nosso país (entrada directa na universidade, mesmo em medicina, sem precisarem de médias e provas específicas, enquanto alunos portugueses com médias de 18 ficam de fora; bolsas de estudo, subsídios e isenção de propinas, quando os alunos portugueses pagam pelo menos 500 € de propinas anuais) um sentimento de injustiça começa a germinar dentro deles. Muitos universitários já se sentiram, pelo menos uma vez, discriminados pelo seu próprio país. Muitos dos que falharam ao alcançarem os seus objectivos atribuem facilmente a culpa à tradicional hospitalidade portuguesa para com os imigrantes, contribuindo para a proliferação de sentimentos xenófobos e racistas. Depois, cada um reage à sua maneira e alguns (cada vez mais) associam-se a movimentos racistas de extrema-direita e assumem comportamentos hostis e violentos. Outros, reagindo contra estes primeiros, abraçam a ideologia da extrema-esquerda e militam, cada vez mais cedo, nas respectivas juventudes partidárias, tentando contribuir para a melhor integração das comunidades de imigrantes e para a troca de experiências e aprendizagem cultural mútua.

No fundo é tudo uma questão de valores. Os pais pouco tolerantes ou com ideais racistas transmitirão esses sentimentos aos seus filhos de forma natural, contribuindo para uma mais fácil legitimação da violência perante os valores interiorizados. Da mesma forma, no seio de uma família liberal e multicultural, os valores de igualdade e tolerância serão mais facilmente transmitidos. No final de contas, bem lá no fundo, todos somos um pouco fundamentalistas, defendendo com unhas e dentes posições, ideologias, clubes, partidos ou religiões. De forma saudável, enquanto esta defesa se mantiver ao nível da discussão e troca de ideias. O problema começa quando se passa à acção, neste caso à hostilização verbal e física de todos aqueles que discordam das nossas posições. Como aconteceu com o extremismo sérvio e albanês, como acontece com o extremismo islâmico e anti-islâmico, como acontece com o extremismo sionista e anti-sionista, como por vezes acontece com o imperialismo americano e com o anti-americanismo... Todos com consequências, até agora, pouco felizes.

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publicado por Ana Silva Martins às 23:00
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Sábado, 22 de Abril de 2006
Pequeno Contributo para a Média Positiva

 

Em época de intensivas (mas necessárias) reformas na educação no nosso país, todos nós, parte integrante do sistema educativo em Portugal, devemos estar disponíveis para contribuir para o sucesso das mesmas. Daí que, após uma cuidada reflexão, decidi publicar os meus apontamentos e demais materiais de estudo no meu outro blog http://ha2sem3.blogs.sapo.pt . Este constitui o meu contributo mais imediato para tentar colmatar o previsível desastre que resultará do «fantástico» calendário de Exames Nacionais deste ano, e devido ao qual (mas não só) corremos o risco de voltar a ver noticiado, em dia de afixação de pautas, que mais uma vez as médias dos exames nacionais em Portugal foram negativas. Embora manifestamente insuficiente, fico esperançada que um qualquer aluno possa usufruir deste gesto e melhorar os seus resultados escolares.

 

publicado por Ana Silva Martins às 23:35
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Sexta-feira, 21 de Abril de 2006
O Jogo do Ouro Negro
 

Muito embora já se tenha tornado um hábito para nós, cidadão do mundo ocidental petróleo-dependente, hoje voltou a aumentar o preço dos combustíveis no nosso país. Um aumento naturalmente justificado pela subida do crude em Londres para preços recordes, embora tenha de admitir que as suspeições levantadas por Miguel Sousa Tavares, esta Terça-feira, de que as gasolineiras portuguesas se estariam a aproveitar da conjuntura internacional para incrementar os seus lucros fazem sentido. É obvio que o petróleo é adquirido muito antes de estar disponível para os consumidores sob a forma de combustível e portanto os combustíveis que estão agora a ser comercializados, e sobre os quais recai o aumento, não foram adquiridos a 74 USD por barril. Donde resulta que as gasolineiras estão a fazer repercutir o aumento dos preços no consumidor antes de estes serem verdadeiramente aumentados.

Mas a questão principal não é essa. O que verdadeiramente interessa compreender são os motivos desta instabilidade do preço do barril. Dependendo o mundo industrializado de uma energia não renovável e escassa, e tendo em conta o ritmo actual de consumo (e desperdício) do petróleo e seus derivados, é natural que mais dia menos dia a fonte seque. E de acordo com a lei da oferta e da procura, e em concorrência perfeita, diminuindo a oferta de crude e mantendo-se a procura elevada, o preço do produto só poderia subir. No entanto a escassez não explica tudo. Os aumentos do último ano ficam a dever-se em grande parte à instabilidade política nos países produtores. Exceptuando os EUA e a Noruega os restantes países produtores atravessam quase todos, há algum tempo, situações de instabilidade política interna ou conflitos armados. E cada tempestade ou furacão aumentam vertiginosamente a especulação associada à negociação do barril em Londres e Nova Iorque. Já para não falar nos efeitos catastróficos das declarações de alguns líderes mundiais...

Dificilmente restam dúvidas relativamente à necessidade de substituir o petróleo e seus derivados por energias renováveis. No entanto, também não parecem restar dúvidas em relação à resistência que prolifera a tal transição. E se todos reconhecem a gravidade e abrangência dos problemas ambientais, a verdade é que as tentativas para os solucionar têm saído frustradas. E a responsabilidade de tais frustrações pertence maioritariamente à primeira potência mundial que, por isso mesmo, deveria dar o exemplo. Pelo contrário, ao não assinar o Protocolo de Quioto, os EUA abriram as portas para que os signatários deste não o cumprissem. Vistas bem as coisas, Quioto seria prejudicial aos interesses económicos norte-americanos: a diminuição das emissões de CO2 dificilmente se concretizariam sem a utilização de energias alternativas menos poluentes nos processos produtivos. Portanto, não interessa aos EUA reduzir a procura mundial de crude, fazendo diminuir os preços (em concorrência pura) e, consequentemente, os «magros» lucros adjacentes à produção e exportação de combustíveis fósseis. Por outro lado, a América do Norte encontra-se já prevenida contra a escassez do ouro negro. Também era de estranhar que uma das sociedades impulsionadoras do desenvolvimento de novas tecnologias não as aplicasse na obtenção de energia limpa. É pena é que nem todos os países se possam precaver da mesma forma. A administração norte-americana, que cada vez mais impõe regimes «democráticos» a todos aqueles que discordam de algumas das suas posições, quer agora impedir «democraticamente» o Irão de libertar a sua economia da dependência do petróleo desenvolvendo uma energia nuclear que muitas outras nações possuem há anos. Não fosse o crescente desrespeito que a administração norte-americana tem vindo a demonstrar relativamente a tratados e convenções internacionais, o medo do desenvolvimento de armas nucleares deveria ser afastado pelo facto de o Irão ter assinado o Tratado de Não Proliferação. Mas parece que do outro lado do atlântico cada vez menos se acredita na diplomacia e seus instrumentos, privilegiando-se o conflito armado (para alguns, economicamente mais rentável) em detrimento da negociação diplomática.

publicado por Ana Silva Martins às 12:52
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Segunda-feira, 10 de Abril de 2006
Politika - Bar da Faul


Politika, Rua Teixeira, Bairro Alto (aberto todas as sextas-feiras à noite)


Na última sexta-feira tive o prazer de conhecer finalmente o tão afamado bar da JS Faul.. Devo dizer que fiquei surpreendida: apesar de não ter visitado o espaço antes da sua recuperação, parece-me um bar simpático, digamos mesmo familiar, onde convivem, lado a lado,  militantes e não militantes, portugueses e estrangeiros, bem ao estilo do Bairro Alto.. É verdade que há ainda algumas zonas a recuperar, embora não por muito tempo, tendo em conta o número de pessoas que por lá têm passado e o facto de as receitas reverterem para a recuperação do espaço.. Convido todos aqueles que gostam de aliar os copos a uma boa troca de ideias a visitarem o espaço! No meu ponto de vista, este tipo de iniciativas devem ser aplaudidas e apoiadas.


 Esta visita acordou uma vontade antiga de criar um bar deste género aqui no nosso concelho, um espaço onde o pessoal pudesse conviver e trocar ideias. No entanto, parece-me condenado à partida, já que se iria dirigir a um universo muito mais limitado que o da Faul. Resta-nos, assim, frequentar o da faul (agregado no qual nós, militantes da js de sintra, também nos inserimos) e contribuir, com o que bebemos, para a sua recuperação. Com todo o gosto, naturalmente! Eu própria, a partir de agora, quando for até ao bairro alto à sexta-feira à noite, não deixarei de passar por lá.  

publicado por Ana Silva Martins às 18:38
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Em relação ao espírito do Blog...

in sweet.ua.pt/~pf/ Conflitos/conflitos.html

publicado por Ana Silva Martins às 02:09
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Domingo, 9 de Abril de 2006
Uma Gota no Deserto da Educação

 Numa altura em que a cotação em bolsa do nosso sistema educativo está tão baixa, parece-me fundamental salientar um bom exemplo para levantar a moral de todos nós, parte integrante do referido sistema. A Secundária de Leal da Câmara, vulgo Secundária de Rio de Mouro, pode ser considerada a excepção que confirma a regra. Recordando uma antiga professora minha, natural de Braga, em comparação com alguns dos melhores colégios só lhe falta a piscina. Naturalmente, o facto de ser uma escola relativamente nova favorece o estado de conservação e o aproveitamento das instalações disponíveis, mas a verdade é que todas as escolas já foram novas uma vez e a maioria não se encontra, nem de longe, no estado de conservação da Leal. É também certo que os alunos que a frequentam têm uma quota parte de responsabilidade nesta situação, mas é exactamente aí que a Leal da Câmara marca a diferença. Os alunos que pela primeira vez ali entram são imediatamente coagidos pelo ambiente que prolifera por toda a escola e que os induz a respeitá-la e a melhorá-la. Há um micro-clima de calma nesta escola que faz com que os alunos não se vão embora a correr quando terminam as aulas, preferindo passar parte dos seus tempos livres dentro do recinto escolar. Daí que a Leal se distinga da maioria das escolas tanto nas condições que oferece aos seus alunos para a prossecução dos seus objectivos, como nas actividades extracurriculares que disponibiliza. A título de exemplo importa referir, para além dos cada vez mais comuns cartões de identificação magnéticos, os mais de 30 computadores disponíveis para os alunos, a recente instalação de um computador e um videoprojector em cada sala de aula, as variadas modalidades disponibilizadas no desporto escolar, o clube da rádio, onde os alunos podem pôr em prática um projecto de programa de rádio seu, ou o jornal da escola, distribuido gratuitamente na escola e disponibilizado em suporte digital na página da escola (www.malhaatlantica.lealdacamara.pt).

Por fim, mas não de menor importância, as tradicionais barreiras professor-aluno, que tantas vezes contribuem para o abandono ou insucesso escolar, ali parecem não existir. Professores, alunos e funcionários partilham os mesmos espaços (salas, biblioteca, WC, refeitório), desenvolvem laços afectivos entre eles, cooperam em projectos extracurriculares, em suma, lutam pelo mesmo objectivo. E, na maioria das vezes, são bem sucedidos. Senão vejamos a quantidade de alunos que integram o Quadro de Mérito da Escola (verdadeiro instrumento da meritrocacia, entregue anualmente em cerimónia pública), quer por boa classificação (média superior a 17 valores), quer por feitos meritórios.  

publicado por Ana Silva Martins às 01:28
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