Este Domingo de manhã, não obstante o temporal que se fazia sentir por todo o concelho (e país mesmo) lá fomos nós para o Cabo da Roca, onde se realizava uma maratona com 600 atletas, distribuir propaganda a respeito do referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, numa plataforma conjunta com o Bloco de Esquerda. Admito que o feedback por parte das pessoas foi bastante positivo, muito mais do que eu imaginava, no entanto, a reacção de uma senhora em particular deixou-nos sem palavras. Dizia ela, visivelmente alterada e em resposta à minha tentativa de lhe oferecer um panfleto informativo, que era exactamente por ter feito um aborto e por saber o que tinha passado que não queria que outras mulheres caíssem no mesmo erro. Ao que nós, tendo em conta o cariz das revelações, ficamos calados e de cabeça baixa. Agora que penso melhor no assunto, uma quantidade de questões que poderia ter feito à senhora assaltam-me a mente. Ora, hoje em dia ninguém tem dúvidas a respeito das consequências fisícas e psicológicas gravíssimas que uma IVG pode ter numa mulher que a pratica. Não é isso que está em causa neste referendo! Também não está em causa a partir de que ponto do desenvolvimento embrionário é considerado que se está a destruir uma vida! Até porque, se fossemos por aí, e sendo a célula a unidade básica e estrutural da vida, a partir do momento em que ocorre fecundação existiria uma vida, ou talvez antes, o que nos levaria a retirar do mercado os métodos contraceptivos de emergência (vulgo pílulas do dia seguinte). O que verdadeiramente está em causa é o direito das mulheres de escolherem! De escolherem se querem ou não levar adiante uma gravidez indesejada. De escolherem se estão ou não dispostas a conviver pelo resto das suas vidas com uma situação traumatizante. No final de contas, quem tem o direito de escolher o que fazer com o nosso próprio futuro senão nós? Quem tem o direito de condenar uma mulher por si própria condenada quando tomou tal decisão? Ora, se aquela senhora teve possibilidade de escolher, o que lhe dá o direito de negar essa possibilidade a outras? Se ela é contra a despenalização da IVG, então, à luz dos seus ideais, esta mulher é uma criminosa!! Quer dizer, ou andamos aqui a defender para os outros o que não queremos para nós, ou então, esta senhora devia apresentar-se na esquadra mais próxima e sofrer todo o processo de instrução que acaba sempre por não levar a resultados nenhuns a não ser a condenação em praça pública de mulheres inocentes. Temos que deixar de ser hipócritas de uma vez por todas! Num estado democrático livre como julgamos ser aquele em que vivemos não tem cabimento a existência de uma lei discriminatória e autocrática como esta. A liberdade individual não pode jamais ser assombrada por preconceitos e convenções.
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